A Guerra na Ucrânia — “Rússia-Ucrânia: Onde é que tudo isto vai acabar?” Por Victor Hill

 

Nota de editor:

Extraordinário este texto de Victor Hill, enquanto expressão bastante precisa da narrativa do dito Ocidente sobre a guerra na Ucrânia e a Rússia. Vale a pena lê-lo.

Não resistimos, no entanto, a fazer algumas observações críticas sobre o seu texto, e que publicaremos amanhã, após o que publicaremos os seguintes textos, que tal como outros já aqui publicados, que desmentem em grande parte a versão veiculada por Victor Hill:

– Um Conto de Duas Cidades, por Alastair Crooke

– Os gritos de “alarme” lituanos antecipam os verdadeiros planos da NATO, por Fabrizio Poggi

– A Alemanha remilitarizada está a jogar a longo prazo na Ucrânia, por M.K. Bhadrakumar

– Dia 436 da guerra russo-ucraniana: porque tarda a contra-ofensiva de Kiev?, por Laurent Schang

– O estado de espírito da NATO conduz à guerra, por Thomas Fazi

– A incrível contração da NATO, por Dmitry Orlov

– Vislumbres de um final de jogo na Ucrânia, por M.K. Bhadrakumar

FT


 

Seleção e tradução de Júlio Marques Mota

11 min de leitura

Rússia-Ucrânia: Onde é que tudo isto vai acabar?

 Por Victor Hill

Publicado por  em 30 de Junho de 2023 (original aqui)

 

O que aconteceu realmente no fim de semana passado?

No dia 24 de junho de 1812, a Grande Exército do imperador Napoleão, com cerca de 700 000 homens, atravessou o rio Nieman (Nemunas), na atual Lituânia, em direção ao Império Russo. Tinha começado a invasão da Rússia, liderada pelos franceses, o que marcou uma época.

Em 24 de junho de 2023, acordámos com a notícia de que, durante a noite, um exército mercenário, sob o controlo do famoso chefe mercenário Evgeny Prigozhin, tinha tomado o centro de comando e controlo do exército russo em Rostov-on-Don, a partir do qual foi orquestrado o ataque russo à Ucrânia. Durante as 12 horas que se seguiram, assistimos, num estado de fascínio ansioso, ao avanço do bando de condenados e gangsters de Prigozhin pela autoestrada em direção a Moscovo. Na capital russa, os museus foram encerrados e foram erguidas barricadas, na expetativa de um tiroteio. Os moscovitas foram instados a ficar em casa.

As imagens transmitidas pela BBC eram inconfundíveis. Helicópteros do exército russo atacaram uma coluna de mercenários mesmo ao lado do Leroy-Merlin Sad (centro de jardinagem) na M4, nos arredores de Voronezh – e foram abatidos, calculando-se que cerca de 12 pilotos tenham morrido. Os russos estavam a matar russos.

Pouco antes das seis da tarde, hora de Londres, foi anunciado que um acordo mediado pelo Presidente Lukashenko da Bielorrússia (outro ovo mau) tinha travado a “marcha sobre Moscovo”. Prigozhin – outrora conhecido como o “chefe de cozinha de Putin”, antes de emergir como o líder da força mercenária Wagner – iria para o exílio na Bielorrússia, mas as acusações de traição contra ele, que o Presidente Putin tinha referido no seu discurso televisivo dessa manhã, seriam retiradas. Prigozhin regressou a Rostov (será que alguma vez saiu de lá?) e daí para Minsk, onde a sua presença foi confirmada na terça-feira. Por seu lado, Putin desapareceu de vista até segunda-feira à noite, altura em que fez uma nova emissão para reafirmar a sua autoridade. Procurou enquadrar o seu próprio papel na crise de sábado como o homem que evitou a guerra civil.

Mas depois do drama do passado sábado, a dinâmica da política russa mudou de forma fundamental.

Em primeiro lugar, Putin já não parece invencível. A armadura usada por Dolgoruky, fundador de Moscovo, foi perfurada. (Kiev é mais velha do que Moscovo). Muitos russos perguntar-se-ão: como é que o Comandante em Chefe permitiu este terrível lapso de disciplina? Como é que o oficial da arqui-informação, um antigo homem do KGB, não previu isto? O motim de Prigozhin seguiu-se a uma incursão no Oblast de Belgorod por forças russas anti-Putin. Que outras forças anti-Putin se escondem à superfície?

E Prigozhin é a criatura de Putin: o Presidente facilitou o aparecimento de um exército mercenário que podia levar a cabo atos de violência em África e noutros locais, pelos quais as unidades oficiais do Estado russo não podiam ser responsabilizadas. Agora, o rottweiler de Putin mordeu ferozmente a mão que o alimentou – e muitos russos, mesmo aqueles que não apoiam instintivamente Putin, são da opinião de que o cão deve ser abatido. Mesmo os russos mais nacionalistas, que consomem acriticamente a propaganda de guerra do Kremlin, terão reparado que o seu presidente, por um breve momento, pareceu estar a fugir. Só conseguirá recuperar a credibilidade perdida através de uma retaliação violenta. Duvido que Prigozhin possa esperar uma reforma tranquila numa vivenda bem equipada no centro de Minsk.

Na segunda-feira (26 de junho), Prigozhin afirmou, num vídeo publicado no Telegram – o último portal sem censura na Rússia – que não estava a tentar destituir Putin, mas sim a preservar o Grupo Wagner, que tinha sido objeto de uma ordem de extinção.

É verdade que, a 10 de junho, o Ministério da Defesa russo decretou que todos os “regimentos de voluntários” deviam dissolver-se e aceitar fundir-se com as forças regulares. O que aconteceu, segundo Prigozhin, não foi uma tentativa de golpe, mas um protesto. O casus belli foi, provavelmente, a alegação – não autenticada, mas credível – de que a artilharia do exército russo bombardeou deliberadamente unidades Wagner na região de Bakhmut, na semana passada. Quando Prigozhin ridiculariza o Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigue o Chefe do Estado-Maior General, Valery Gerasimov, com termos  profanos, muitos russos concordarão com ele que a sua liderança militar tem sido de má qualidade, incompetente e possivelmente corrupta.

Tudo isto dá uma má imagem do homem que lançou a guerra. É agora possível que Putin não seja candidato às eleições presidenciais russas do próximo ano, previstas para domingo, 17 de março de 2024. É possível que, durante o verão e o outono, Putin anuncie a sua reforma iminente e apoie um candidato para lhe suceder. Poderá ser alguém como Dmitri Medvedev (Presidente russo de 2008 a 2012), que tem opiniões ultranacionalistas. Uma transição ordenada do poder é algo que os EUA e os seus aliados (bem como a China) prefeririam muito mais do que uma descida ao facciosismo e, possivelmente, à anarquia.

Por outro lado, Putin quer provavelmente manter-se no cargo para ver o resultado da outra grande eleição presidencial de 2024 – a que terá lugar na terça-feira, 5 de novembro, nos EUA. Putin poderá estar a calcular que, se Donald Trump regressar ao poder, o apoio inequívoco dos Estados Unidos à Ucrânia poderá ser retirado. Isso seria vantajoso para ele.

Em segundo lugar, o motim ajudou os ucranianos a avançar no Donbas, em território anteriormente ocupado pela Rússia. Praticamente todas as tropas de Wagner foram retiradas do teatro de guerra durante a tentativa de golpe. Wagner afirmava ter 25.000 soldados na Ucrânia, mas a força reunida para a aventura de Prigozhin provavelmente era de apenas 8.000 homens. Para além disso, centenas – possivelmente milhares – de forças de elite russas foram retiradas da Ucrânia para proteger os seus ameçados senhores.

Isto representou uma oportunidade para os ucranianos. No domingo à noite, Kiev afirmou ter libertado a aldeia de Rivnopil, nos arredores de Donetsk – uma das nove que já retomou desde o início da sua contraofensiva, há três semanas. Na terça-feira, foi noticiado que Kiev tinha recuperado território no Oblast de Donetsk, que tem estado sob o controlo dos separatistas pró-russos desde 2014. E na quarta-feira, foi afirmado que as forças ucranianas tinham atravessado o rio Dnipro na região de Kherson, a norte da Crimeia, para estabelecer uma importante ponte na frente. No entanto, as forças russas estão, alegadamente, entrincheiradas em posições defensivas e será difícil desalojá-las.

É muito cedo para julgar definitivamente, mas a contraofensiva ucraniana pode trazer resultados tangíveis durante os meses de verão, mesmo que, até agora, os ganhos ucranianos sejam marginais. Se a Ucrânia conseguir levar a cabo o seu presumível plano de mestre – dividir as forças russas em duas, dirigindo-se para o Mar de Azov, a norte da Crimeia – então os russos poderão tornar-se ainda menos avessos ao risco do que anteriormente. Foi uma surpresa quando as forças russas (como parece mais provável) rebentaram com a barragem de Nova Kakhovka, inundando assim vastas áreas do Oblast de Kherson. Partiu-se do princípio de que os russos se absteriam de praticar o ecocídio. Da mesma forma, in extremis, as forças russas poderiam tentar transformar a central nuclear de Zaporizhzhia numa arma, com consequências ainda mais aterradoras.

Em terceiro lugar, e de forma crítica, num dos seus discursos de mau gosto captados em vídeo, Prigozhin questionou a lógica do Kremlin para a invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma coisa é acusar o alto comando russo de incompetência; mas afirmar que a guerra em si é desnecessária é outra coisa. Prigozhin concedeu às forças armadas ucranianas o seu respeito relutante; chegou mesmo a dizer que a guerra tinha “legitimado” o governo de Kiev aos olhos do mundo. É provável que ainda haja soldados russos que acreditam que estão a lutar contra os “nazis”; mas, a partir de agora, serão menos e o seu moral será mais baixo.

Napoleão, recordamos, tomou Moscovo no final de setembro de 1812, no início do inverno russo, mas a sua aparente vitória foi pírrica. O czar, Alexandre I, retirou-se com a sua guarda para Voronezh e esperou o seu tempo. Com as suas linhas de abastecimento sobrecarregadas e Moscovo em chamas, Napoleão ordenou a retirada de inverno. Abandonou o seu exército e fugiu para Paris em dezembro de 1812 para contrariar uma tentativa de golpe de Estado. Apenas cerca de 100.000 soldados franceses e aliados, dos 700.000 iniciais, conseguiram sair da Rússia. O domínio de Napoleão estava enfraquecido e os seus dias estavam contados. Caiu em abril de 1814.

 

Riscos negativos

Se a situação é má, pode ser pior.

Em primeiro lugar, existe o receio de que, se Putin cair, alguém ainda mais perigoso chegue ao poder num país que tem mais ogivas nucleares do que os EUA. Não há candidatos amigáveis e pró-ocidentais ao poder à espreita. Poderá surgir um fascista declarado. É por isso que Washington utilizou os canais diplomáticos para assegurar a Moscovo, esta semana, que não pretende uma mudança de regime.

Em segundo lugar, existe a possibilidade – embora, na minha opinião, não seja uma probabilidade – de que, se se abrir um vazio de poder, a Rússia possa cair numa espécie de guerra civil de lenta combustão. A Rússia dos oligarcas era uma coisa; uma Rússia de senhores da guerra concorrentes seria outra. Wagner não é o único exército privado na Rússia. A Gazprom, uma das empresas mais dominantes da Federação Russa, controla a sua própria milícia. A sua sede em S. Petersburgo é o edifício mais alto da Europa. A Gazprom é intocável.

Em terceiro lugar, existe uma possibilidade real de Putin e o seu regime aumentarem ainda mais o conflito, possivelmente até com a utilização de armas nucleares tácticas (ou seja, no campo de batalha). Putin anunciou recentemente o envio de armas nucleares para a Bielorrússia. O líder checheno, Ramzan Kadyrov, e Alexander Khodakovsky, comandante de uma milícia russa em Donetsk, apelaram ao Kremlin para que utilizasse armas nucleares contra Kiev. Tal ação levantaria a terrível perspetiva de uma troca nuclear total entre a Rússia e o Ocidente. É significativo que muitos russos mais ricos ainda estejam a tentar sair do país. O Dubai surgiu como um porto seguro para o dinheiro russo.

Em quarto lugar, neste momento não sabemos se Wagner vai continuar a existir ou não. Muitos combatentes da Wagner receberam perdão por crimes em troca de uma espingarda. Irão eles juntar-se docilmente ao exército regular? Voltarão para as suas casas na Rússia? Ou juntar-se-ão ao seu chefe em Minsk? E as unidades de Wagner que já estão ativas no Mali, no Sudão e possivelmente noutros locais? De acordo com a BBC, Wagner continua a recrutar em clubes de boxe por toda a Rússia. Wagner continua a ser uma carta fora do baralho com um potencial preocupante para causar danos.

O mestre analista geopolítico Ian Bremmer escreveu na quarta-feira: “A probabilidade de uma mudança de regime na Rússia continua a ser quase nula… até acontecer. Mas estes acontecimentos mostram que os riscos de cauda são maiores do que pensávamos”.

 

Cenários de fim de jogo

Os acontecimentos do último fim de semana obrigam-nos a fazer um balanço da forma como esta guerra se está a desenrolar e como, após 16 meses de carnificina, poderá terminar.

Na situação atual, é altamente improvável que haja uma solução diplomática negociada. As exigências mínimas da Rússia estariam muito para além das concessões máximas que os ucranianos poderiam aceitar. Os russos começaram com o objetivo de guerra de trazer toda a Ucrânia de volta para o abraço da Mãe Rússia. Agora apercebem-se de que isso não vai acontecer – e talvez se contentem com os territórios que já anexaram ao longo da costa ocidental do Mar de Azov. Mas os ucranianos, por seu lado, querem todo o seu território de volta e pensam que qualquer coisa menos do que isso seria legitimar a violência russa contra um vizinho pacífico. Querem também recuperar a Crimeia, um território estrategicamente importante que a Rússia tomou em 2014. Atualmente, não existe sequer um ponto de partida para potenciais conversações de paz.

É mais provável que, após uma contraofensiva ucraniana de verão que se revele inconclusiva, haja um cessar-fogo de facto e que o conflito fique “congelado”. Recorde-se que a Guerra da Coreia (junho de 1950-julho de 1953) terminou sem um acordo de paz para além de uma zona desmilitarizada que separa a Coreia do Norte da Coreia do Sul. Tecnicamente, os dois vizinhos ainda estão em guerra. Ou, mais uma vez, considere-se o facto de nunca ter havido um tratado formal para formalizar a separação de Chipre, de maioria turca e grega. Foi erguida uma vedação de arame farpado para dividir as duas partes da ilha e, eventualmente, surgiram pontos de passagem – mas até hoje o Estado do Norte de Chipre só é reconhecido pela Turquia.

Se Putin anunciasse que a Rússia tinha conseguido o que queria e ordenasse aos seus homens que parassem de disparar, isso poderia ser entendido como um apelo a um cessar-fogo. Mas não é de todo evidente que os ucranianos lhe dessem ouvidos. Eles querem os russos fora do seu território e qualquer cessação unilateral das hostilidades por parte da Rússia seria vista como mais um sinal de fraqueza. De qualquer modo, no cenário de conflito congelado, a Rússia permaneceria indefinidamente sujeita às sanções ocidentais, tal como a Coreia do Norte. Não há dúvida de que os Estados que têm laços comerciais estreitos com a Rússia, como a Turquia e a China, poderão tentar tirar partido do isolamento contínuo da Rússia.

Depois, há a possibilidade de qualquer dos lados conseguir uma vitória militar esmagadora que ponha fim ao conflito. Também isto me parece improvável – e cheio de riscos. Se o exército russo se desmoronasse e batesse em retirada e o Presidente Zelensky reivindicasse a vitória, esse seria também um momento perigoso, porque provocaria quase de certeza a queda de Putin, sem que houvesse um candidato óbvio para o substituir. Isso poderia implicar outra subida em pânico dos preços da energia e dos cereais, alimentando ainda mais a inflação mundial. E se a contraofensiva ucraniana se desmoronasse e os russos conseguissem invadir Kiev e proclamar a vitória, isso desencadearia uma onda de pânico em toda a Europa e não só, com consequências económicas igualmente desagradáveis.

Assim, 16 meses após o início da mais dura guerra europeia desde a Segunda Guerra Mundial, continua a ser impossível saber como e quando terminará o conflito. Além disso, é difícil prever qualquer resultado “bom” ou final feliz. Uma Rússia derrotada tornar-se-á ainda mais ressentida e autoritária do que sob Putin e continuará a ser a principal ameaça à segurança da Europa até à segunda metade do século XXI. A guerra híbrida – agressão não militar, incluindo ataques cibernéticos repetidos – continuará num futuro previsível.

O que parece mais provável, pelo menos a curto prazo, é que a guerra continue, à medida que Putin procura esculpir a determinação ucraniana na esperança de que, eventualmente, Kiev peça a paz. Enquanto Zelensky e o seu séquito se mantiverem no poder, isso não acontecerá.

 

Consequências imediatas sobre a economia e o mercado

Durante cerca de oito horas, no passado sábado, as instituições ocidentais e seus dirigentes, tudo empenhado na criação de mudança a Leste interrogaram-se, se a Rússia entrasse em guerra civil, as exportações de cereais, petróleo e fertilizantes, já em níveis inferiores antes da guerra, poderiam parar completamente. Tal resultado teria perturbado seriamente uma economia global que já luta com a inflação e anda a oscilar à beira da recessão.

Como se viu, tais medos eram infundados; e, no entanto, os mercados futuros de commodities de longa data sugerem que alguns jogadores podem ter começado a reconstruir suas reservas estratégicas de matérias-primas essenciais como seguro contra outro choque imprevisto. A US Strategic Petroleum Reserve dos EUA está atualmente em uma baixa de 40 anos – o que parece imprudente para alguns comentaristas. Espere um empurrão do governo dos EUA para reabastecê-lo, resultando em pressão ascendente sobre o preço do petróleo.

Esta semana, o rublo caiu e os preços do trigo subiram. Os preços do gás subiram 14 por cento na segunda-feira antes de diminuir. A Rússia está passando por uma escassez desesperada de trabalhadores – a força de trabalho diminuiu cerca de 1,5% desde o início da guerra. As receitas do petróleo e do gás estão em declínio. E, no entanto, a economia russa ainda está a passar: não há sinal de colapso económico iminente.

Na quinta-feira, soubemos que um general russo senior, Sergey Surovikin, que ganhou uma reputação de brutalidade na Síria, foi preso. Anteriormente, o New York Times havia relatado que funcionários norte-americanos não identificados haviam alegado que ele sabia antes do motim de Prigozhin. Surovikin não era visto em público desde sábado. Se esta é a abertura para uma purga em larga escala, liderada por Putin, podemos esperar mais deslocamentos políticos que possam afetar os preços das commodities.

O problema da Rússia – como um império eurasiano sem fronteiras naturais e uma tendência à autocracia pode coexistir com os seus vizinhos liberais do Ocidente – nunca desaparecerá. Há um estado de atrito que reside em algum lugar entre a Guerra Fria e a ‘Guerra Quente’. É onde estamos agora – e todas as apostas são possíveis.

 

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O autor: Victor Hill é economista financeiro, consultor, formador e escritor, com vasta experiência em banca comercial e de investimento e gestão de fundos. A sua carreira inclui passagens pelo JP Morgan, Argyll Investment Management e Banco Mundial IFC.

 

2 Comments

  1. É absolutamente desprestigiante para “A VIAGEM DOS ARGONAUTAS” publicar este tipo de artigos, que qualquer leigo menos informado consegue identificar como insultuoso, parcial e mentiroso.

    1. Caro leitor, desde logo agradecemos o seu comentário. Tal como observámos em nota prévia “Extraordinário este texto de Victor Hill, enquanto expressão bastante precisa da narrativa do dito Ocidente sobre a guerra na Ucrânia e a Rússia. Vale a pena lê-lo.” Assim continuamos a pensar. Parece-nos vantajoso assinalar aquilo que é efetivamente um retrato bastante completo da narrativa que o dito Ocidente (EUA/NATO/UE) faz sobre a guerra na Ucrânia. Pensamos que estes relatos, sobretudo parciais, são normalmente postos a circular com base em fontes não credíveis ou que são parciais. Muito frequentemente são ataques de falsa bandeira. Também pensamos que mesmo leigos “mais” informados “compram” esta narrativa ou partes da mesma. Efetivamente os media em geral (até media que são rotulados de esquerda ou progressistas) inundam diariamente as populações com este tipo de narrativa sobre a guerra na Ucrânia, sendo muitas vezes difícil destrinçar a manipulação da realidade. Só para assinalar um dos mais recentes que fala sobre “o grupo Wagner estar a recrutar elementos para invadir a Polónia”. É mais uma à semelhança de a Rússia preparar-se para fazer rebentar a central nuclear de Zaporizia, dos genocídios praticados pelos soldados russos, etc. etc.. Enquanto texto típico deste tipo de narrativa pensamos que vale a pena ler o texto de Victor Hill. A forma como o termina não deixa de refletir a realidade atual: como vai terminar este conflito? até onde irá? Não por acaso procurámos no texto que publicámos hoje (ontem dia 30) desmontar os clichés desta narrativa do dito Ocidente. É nesse sentido também que vão os textos que se seguem, conforme assinalado na nota introdutória ao texto de Victor Hill.

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